Um intercâmbio de experiências foi
realizado na comunidade Amargosa 2, no município de Poço Verde, região Centro Sul
de Sergipe, nos dias 3 e 4 de abril. A ação da Cáritas Brasileira Regional
Nordeste 3 junto com Movimento Camponês Popular (MCP) buscou compartilhar
conhecimento sobre convivência com o Semiárido a partir da experiência das
guardiãs de sementes crioulas.
Para o secretário executivo na
Cáritas NE 3, Jardel Nascimento, a rede Cáritas tem acumulado muito, a partir
da força coletiva, junto aos movimentos populares, em especial no semiárido, na
perspectiva da garantia da vida. “Este encontro é celebrativo, uma vez que
percebemos a importância para o que tem gerado vidas por meio das sementes e
das suas representações culturais.”, comemorou.
A atividade é vista como fundamental
para a caminhada do movimento camponês que surgiu em 2008 com objetivo de
organizar famílias camponesas para a autonomia socioprodutiva de forma agroecológica
e com o poder popular para a garantia de direitos, conforme destacou a
integrante do MCP, Ana Maria Guimaraes.
Na manhã do primeiro dia de programação, reunidos na Associação de Cultura Artesanal de Poço Verde (SE), foi realizada uma mesa de abertura com representações do Poder Legislativo e de movimentos populares da Diocese de Estância. Já a tarde foi reservada para uma visita à comunidade Cacimba Nova para os participantes conhecerem a criação de cabras que proporciona a produção de queijo, leite e doces. O grupo também viu de perto a experiência de um biodigestor, fonte de gás de cozinha e biofertilizante.
O apoio da Cáritas na comunidade tem
fortalecido o grupo de mulheres que atua na perspectiva da Economia Popular
Solidária (EPS), sobretudo a partir da doação de equipamentos como forno e
fogão industriais, além de a Cáritas Nordeste 3 fomentar processos formativos.
De acordo com Jardel, a
iniciativa fortalece o protagonismo feminino a partir do que é produzido pela associação.
“Desde 2019, a Cáritas NE 3 fomenta a Rede Balaio de Solidariedade,
oportunizando a comercialização por meio da EPS. Enquanto Cáritas Diocesana de
Estância, através do Fundo Diocesano de Solidariedade, os recursos serão
destinados para apoiar iniciativas de geração de renda nas comunidades da Diocese.
No quilombo Sítio Alto, em Simão
Dias (SE), existe outra experiência inspiradora: uma casa de sementes com
variedades de feijão vermelho, rosinha, bagajó, fogo na serra, come calado,
branco praia, manteiguinha, preto, milagre de Santo Antônio, Guiné, corda, Joana
velha, milho catete, milho alho e colorido, além de fava, mangalô e andu.
No Assentamento Francisco José,
organizado pelo MST, em Poço Verde, a delegação conheceu a experiência da casa
de sementes, construída há dez anos junto ao MCP. As organizações lutam pela preservação das
sementes crioulas a exemplo dos feijões carioca e preto. A casa de Sementes tem
o objetivo de emprestar sementes aos agricultores e agricultoras. O encontro
foi encerrado com a realização de oficinas de tecelagem, bioinsumos e troca de sementes.