A capital baiana foi sede do Encontro de Atingidos/as pela Mineração na Bahia e em Sergipe na última semana, dias 29 e 30 de março. A atividade reuniu pastorais sociais, movimentos, representações de comunidades de diversas regiões, membros da Comissão Especial para Ecologia Integral e Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), além da Cáritas Brasileira Regional Nordeste 3. Ao longo do encontro, vieram à tona casos de destruição socioambiental, violência e violação de direitos que as populações têm sofrido nos territórios.
Foto: divulgação MAM
As consequências provocadas pela
mineração incluem grandes empreendimentos com o aval do governo do Estado. O
momento de reflexão e discussão foi oportuno também para o compartilhamento das
formas de organização e resistência das comunidades, no caminho de
enfrentamento diante dos desafios para o contraponto ao modo de mineração posto
na contramão do bem viver – modelo racista e colonial.
“A Cáritas como sempre, se soma às
pastorais, organismos da CNBB, movimento e às comunidades impactadas pela
mineração, a partir de ações estratégicas locais e territoriais. Neste
encontro, reafirmamos nosso compromisso da missão evangelizadora da Cáritas
para fortalecer a luta e encontramos conjuntamente força para seguir na defesa
dos territórios, das famílias e toda sociobiodiversidade, haja vista que não
podemos nos calar diante das violações e violências constantes. Assim,
construímos resiliência e profetismo coletivamente”, frisou o membro da
coordenação colegiada na Cáritas Brasileira Regional Nordeste 3, Geri Lima.
Problemas enfrentados
A partilha sobre os principais
problemas socioambientais presentes nos territórios em conflito com a mineração
e sua logística (minas, ferrovias, portos e barragens de rejeito) chamou a
atenção para um quadro alarmante das violações provocadas, a exemplo da contaminação
das fontes de água, do ar e do solo, grilagem de terras, aterramento de
nascentes, desmatamento de áreas nativas, rachaduras de casas, adoecimentos, coerção
e assédio às famílias para pesquisa mineral e divisão de famílias e comunidades.
Uma carta produzida pelos
participantes do encontro destaca a presença e expansão do extrativismo predatório
nas comunidades sem as consultas prévias, livres e informadas que competem aos órgãos
governamentais responsáveis pelo licenciamento e fiscalização, como preconiza a
Convenção 169 da OIT, da qual o Brasil é signatário.
“Sob esse conluio empresário-governamental,
tem sido estimulada a apropriação das riquezas minerais para exportação em
estado bruto, sem beneficiamentos, mas também sem a construção de cadeias
produtivas que beneficiem a população e respeitem as dinâmicas locais e o
cuidado com a natureza, garantindo lucros exorbitantes às empresas e a seus
acionistas, não raramente envolvendo o capital financeiro internacional”,
ressalta o documento.
Confira AQUI, na íntegra, a carta produzida no Encontro de Atingidos/as pela Mineração na Bahia e em Sergipe.
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🌱 Esta ação faz parte do Programa Global das Comunidades da Nossa América Latina, um projeto desenvolvido pela Cáritas Brasileira (Regionais Norte 2 e Nordeste 3), Cáritas Honduras e Colômbia, com o apoio da Cáritas Alemanha e Ministério Alemão para Cooperação e Desenvolvimento.
Em todos os países, as comunidades tradicionais são fortalecidas em suas práticas de convivência com o bioma que colaboram para o equilíbrio do clima global. E também na organização coletiva para que incidam nas políticas públicas voltadas aos seus territórios.
Rafael Lopes – DRT/BA 4882
Assessoria de Comunicação
Cáritas Brasileira Regional
Nordeste 3