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Construção de protocolo de consulta segue em comunidades de Antônio Cardoso

Áreas de Atuação

Iniciativa da Cáritas Brasileira Regional Nordeste 3 contempla 11 comunidades quilombolas

Publicação: 29/05/2024



Grupo participou ativamente das discussões em etapa de diagnóstico  | FOTO: Rafael Lopes


No último sábado (25), a comunidade quilombola de Salgado, em Antônio Cardoso, recebeu a equipe da Cáritas Brasileira Regional Nordeste 3 para dar sequência às reuniões de escuta e construção do protocolo de consulta – documento previsto na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em defesa das comunidades.

Ao todo, 11 comunidades farão parte do documento que trará orientações de como qualquer pessoa ou empreendimento poderá acessar as comunidades para quaisquer tipos de diálogo. A construção de protocolos de consulta é um caminho que vem sendo trilhado pela Cáritas NE 3 com o apoio do Ministério Federal de Cooperação Econômica e do Desenvolvimento da Alemanha, por meio da Cáritas Alemanha.

No encontro, foram refletidos os diversos aspectos da comunidade, entre suas fraquezas, oportunidades, forças e ameaças, além das características culturais presentes na identidade do seu povo. Cerca de 30 pessoas que representam as comunidades participantes do protocolo estiveram na atividade e contribuíram ativamente com opiniões e elementos importantes para a etapa de diagnóstico.


Em seguida foram elaboradas as regras de acesso às comunidades, onde os presentes estabeleceram os critérios necessários. O documento segue sendo construído pelos representantes e lideranças comunitárias e será divulgado amplamente após sua conclusão  

Conflitos e proteção quilombola

Algumas destas comunidades já têm seu território reconhecido como tradicional pela Fundação Palmares e mesmo assim seguem sofrendo ameaças de empreendimentos externos. Um exemplo real de ameaça é a tentativa de implantação da linha de transmissão (“LT 500 kv Porto Sergipe-Olindina-Sapeaçu C1 e ampliação das Subestações (SE) associadas) que sai do litoral sergipano e segue até o município baiano de Sapeaçu, atingindo 12 municípios da Bahia, incluindo comunidades quilombolas como Cavaco, Gavião, Paus Altos, Vila Nova, Curral de Fora e Lagoa Grande, além da área de proteção ambiental Lago Pedra do Cavalo.

A invasão desenfreada de empreendimentos como este em terras tradicionais e quilombolas colocam em risco não apenas o ambiente natural, mas também o patrimônio paisagístico e cultural que se traduz em lazer, beleza e turismo para a região. Entre os impactos da implantação do projeto estão a proibição de construções e uma série de atividades humanas e produtivas, com a geração de um forte campo magnético ao entorno das torres de energia.

Também estão previstas a derrubada de moradias e vegetação, mal funcionamento de equipamentos elétricos e eletrodomésticos devido às ondas magnéticas, poluição sonora e risco de acidentes elétricos. Com isso, o protocolo de consulta é um importante instrumento na luta quilombola a fim de que empreendimentos e/ou poder público tenham a obrigatoriedade de consultar e escutar o parecer da comunidade referente a projetos diversos e serve também para os empreendimentos que já iniciaram ou os que estão em curso.


Reunião envolveu pessoas de diferentes faixas etárias, com engajamento também da juventude  | FOTO: Rafael Lopes


Protocolo de consulta

O “Protocolo de Consulta: prévia, livre, informada e de consentimento” é um instrumento de natureza jurídica previsto na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), elaborado pela própria comunidade tradicional que informa sobre como ela deseja ser consultada pelo poder público e empresas diante de atos que possam afetar suas vidas e seu território.

 Rafael Lopes | DRT BA 4882 
*Com informações de Aline Gallo

Ascom

Cáritas Nordeste 3

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