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Conflito em comunidade quilombola é pauta de debate em audiência Pública

Áreas de Atuação

Evento foi realizado na ALESE e teve a participação da Cáritas Nordeste 3

Publicação: 03/06/2022


Para discutir conflitos territoriais em comunidades quilombolas foi realizada na manhã desta sexta-feira (3), na Assembleia Legislativa de Sergipe (ALESE) uma audiência pública com o tema “Meio ambiente, cidades e comunidades tradicionais: os desafios para sustentabilidade das políticas públicas em Sergipe”.


FOTO: Valesca Montalvão / Ascom Iran Barbosa


Participaram da atividade ainda, lideranças comunitárias e representantes de comunidades como a Santa Cruz, no território quilombola Brejão dos Negros, que vem sofrendo ataques com o avanço da carcinicultura. “Nunca foi tão importante, no tempo tão sombrio que vivemos, a unidade, o fortalecimento e o comprometimento das entidades e representações na defesa do território quilombola, ribeirinhos e indígenas. E a Cáritas regional Nordeste 3 junto à Cáritas de Propriá vêm fortalecendo as lutas quilombolas num caminho de garantia de direitos para proporcionar, sobretudo, a consolidação da sociedade do bem viver”, afirma o secretário regional na Cáritas Nordeste 3, Jardel Nascimento.

Para ele é urgente a união em prol dos povos e comunidades tradicionais. “Percebemos a necessidade de somar ainda mais nesta luta, principalmente quando vemos a invasão do grande capital a um local sagrado que carrega a ancestralidade dos povos tradicionais onde os próprios moradores pedem licença para entrar em sua própria área respeitando as vidas e trajetórias dos antepassados. Então, precisamos chamar a sociedade de modo geral para refletir sobre a permanência do povo quilombola no seu território, um povo que historicamente temos uma dívida muito grande no que tange à garantia de direitos como o acesso a políticas públicas e geração de renda”, acrescenta Nascimento.

Responsável pela realização da audiência, com a chancela da Frente Parlamentar Mista de Meio Ambiente, Segurança Alimentar e Comunidades Tradicionais, o deputado estadual Iran Barbosa (Psol) pontua a necessidade de valorizar os povos tradicionais e sua ancestralidade. “Ao pensar a cidade, os lugares e o campo, precisamos pensar também nas comunidades tradicionais que têm nos passado lições históricas de como conviver com a natureza e usá-la sem destrui-la de modo que se consigamos garantir o sustento para as pessoas sem que devaste o meio ambiente e esses ensinamentos são passados de forma ancestral secularmente pelas comunidades e essa audiência buscou inspirar-se também nesse contexto para divulgar a importância das comunidades tradicionais na preservação, mas também servir de alerta para todas as dificuldades que as comunidades têm enfrentado aqui em Sergipe”, conclui.


FOTO: Rafael Lopes / Ascom Cáritas NE 3


“Desde o início de nossa luta pelo reconhecimento de terra tivemos a parceria do mandato de Iran e da Cáritas que foi a primeira entidade que chegou para nos ajudar e nos dar visibilidade, sendo muito importante para nossa organização e fortalecimento e estamos aqui hoje como parceiros que a Cáritas é e sempre de mãos dadas com nossas comunidades. Esse apoio é muito importante porque sozinho a gente não avança”, avalia a liderança da comunidade quilombola Santa Cruz, Maria Isaltina Santos.


FOTO: Rafael Lopes / Ascom Cáritas NE 3


Presente na audiência, a professora da UFS e coordenadora do Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras de Sergipe (PEAC), Christiane Campos, alerta para a necessidade de respeitar os direitos das comunidades. “Os povos tradicionais têm uma forma de existência em que sua vida depende de certos nichos ecológicos. Por exemplo, as marisqueiras só existem porque há mangues. Extrativistas só existem porque tem áreas de restinga e você só tem pesca artesanal se tiver água e mar. Então, a poluição e a destruição desses ambientes ecológicos elimina a existência dessas populações. É importantíssimo que tenhamos uma educação ambiental que entenda o ser humano como parte desse ambiente”, finaliza.

Invasão da carcinicultura em Brejão dos Negros

A carcinicultura impulsionada pelo agronegócio tem avançado em Sergipe, sobretudo, desrespeitando os direitos das comunidades tradicionais como a Santa Cruz, no território quilombola Brejão dos Negros. Recentemente o manguezal utilizado para o sustento de famílias quilombolas foi devastado e lideranças comunitárias têm sido ameaçadas – Com a luta coletiva, a obra para a implantação de criatório de camarões foi embargada na última quarta-feira (1) pelo Ministério Público Federal. A área invadida é demarcada e de posse da comunidade quilombola desde 2011. Veja o manifesto da Cáritas aqui.

A Cáritas Brasileira Regional Nordeste 3, por meio do Programa Global, apoia a luta desta e de outras comunidades tradicionais.

 

Assessoria de Comunicação

Cáritas Regional Nordeste 3

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