COLABORE

Mulheres do Cerrado realizam II encontro com debates estratégicos

Áreas de Atuação

Assuntos como mudanças climáticas, preservação do bioma do Cerrado e o enfrentamento ao latifúndio foram discutidos na atividade

Publicação: 27/03/2024


Oitenta mulheres representantes de comunidade geraizeiras participaram, nos dias 23 e 24 de março, no distrito de Sítio Grande, em São Desidério, no Oeste Baiano, do II Encontro de Mulheres pelo Cerrado. Com o tema “Cerrado e sociobiodiversidade: das correntezas das águas à força das mulheres”, o evento trouxe à tona a força, as potencialidades e constantes ameaças que o Cerrado enfrenta.

A iniciativa foi uma oportunidade ímpar para a partilha das lutas das comunidades e dos movimentos sociais que atuam no território e para evidenciar a importância das águas do Cerrado e da preservação deste bioma como fonte principal de águas do Brasil.


Presentes na atividade, a assessora técnica na Fundação de Desenvolvimento Integrado do São Francisco (Fundifran), Taciana Carvalho, e a assessora regional na Cáritas Nordeste 3, Aniele Silveira, destacaram a incidência política e o assunto das mudanças climáticas e os impactos para as mulheres no Cerrado.

“O encontro discutiu temas marcantes e representativos, sobretudo, para o mês de março que tem como marcos simbólicos o dia internacional da mulher (8), o dia nacional das mudanças climáticas (16) e o dia mundial da água (22). O cerrado é berço de vida, de água, da sociobiodiversidade, uma riqueza que infelizmente vem sendo ameaçada pelo latifúndio e pelo agronegócio”, lembrou Silveira.

De acordo com a assessora da Cáritas, o aumento crescente do desmatamento no bioma, o avanço do latifúndio e da grilagem de terras são exemplos de enfrentamentos que as mulheres precisam fazer.

“Em contraponto a esse cenário, colocamos em pauta a agroecologia e as tecnologias sociais que fortalecem as comunidades com iniciativas como os quintais produtivos, a economia popular e solidária, a incidência política com a proximidade das eleições e a necessidade de escolhas estratégicas para manutenção do Cerrado vivo e de sua valorização cultural.”, completou Aniele.


Acolhidas pelas quebradeiras de coco babaçu, as mulheres de vários povos e comunidades tradicionais do Oeste Baiano – incluindo indígenas, quilombolas, fecheiras de pasto, ribeirinhas, atingidas por barragens, apanhadoras de sementes, artesãs extrativistas, raizeiras, benzedeiras e agricultoras – aproveitaram o encontro para reafirmar a existência e modos de vida tradicionais.

Durante a programação houve ainda a exibição do documentário “Babaçu: quebra de lá, quebra de cá” – produção que trouxe relatos de quebradeiras de coco babaçu, mestras do conhecimento popular e tradicional do cerrado, promovendo o reconhecimento dos povos e comunidades tradicionais na importância da proteção e conservação do Cerrado. Na noite do sábado (23), foi realizada a II Feira das Mulheres do Cerrado, atividade regada a cores, sabores, saberes e cultura popular.


Engajamento e força feminina

Engajadas com a luta coletiva, as mulheres enxergaram o evento como uma oportunidade para ecoar um grito de socorro contra o avanço do agronegócio, do hidronegócio e da mineração nos territórios, reafirmando a defesa dos rios e da sociobiodiversidade. O coletivo se une em enfrentamento aos projetos de barragens, às autorizações do Governo da Bahia para supressão de vegetação nativa nas áreas de recargas dos rios, à autorização de outorgas que matam as nascentes e provocam o desaparecimento das águas ferindo os modos de vida ancestrais e a nossa relação das comunidades com a Casa Comum.

 

Rafael Lopes | DRT-BA 4882

Assessoria de Comunicação

Cáritas Brasileira Regional Nordeste 3

Tag