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ARTIGO DIA MUNDIAL DA ÁGUA: Acesso à água no Semiárido: um direito para quem?

Um recurso finito que precisamos preservar, mas também lutar para que seja acessível a todos.

Publicação: 23/03/2024


A realidade do acesso à água no Semiárido Brasileiro sempre foi um desafio para os moradores de comunidades rurais, governos, técnicos e a sociedade como um todo. Os longos períodos de seca deixam barragens, rios e açudes vazios, tornando a vida do povo sertanejo mais difícil. O acesso à água é um assunto que deve ser tratado não somente com um mero fator ambiental, mas sim como um direito a ser respeitado e garantido para toda a população.

 

Desde a sua fundação, a Cáritas Diocesana de Ruy Barbosa junto com a Cáritas Brasileira Regional Nordeste 3 trabalham na perspectiva de garantia deste direito fundamental junto às comunidades que fazem parte de seu território de atuação. Projetos como o de fundos rotativos solidários (com financiamento da Cáritas Alemanha) possibilitaram a construção de centenas de cisternas para captação e armazenamento de água das chuvas para o consumo humano. A iniciativa saiu na vanguarda inspirando a política pública que fora implantada mais tarde.

 

A rede Cáritas se soma a um conjunto de outras organizações que integram a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), com participação efetiva no debate e na construção da narrativa de convivência com o Semiárido, com atuação no Programa Cisternas há mais de duas décadas. Ao longo desse período, têm sido desenvolvidas e aprimoradas tecnologias sociais de baixo custo capazes de transformar realidades de famílias que sofrem com a crise hídrica.

 

Na região do Semiárido Baiano, a Cáritas contribuiu na construção de mais de 15 mil cisternas com capacidades para armazenamento de 16 e 52 mil litros de água, além de mais de 800 barreiro-trincheiras, 38 barragens subterrâneas e um sistema de reuso de águas cinzas. Iniciativas como essas proporcionam mais dignidade às famílias e contribuem para a criação de relações justas e economicamente sustentáveis no Semiárido. Mesmo assim, em pleno 2024, em muitas comunidades o acesso à água de qualidade ainda não é uma realidade. 

Carrego água no carro de mão do tanquinho para minha casa. Esta água é para tudo: beber, cozinhar, dar para as galinhas e tomar banho. Não deixo passar um vaso que possa armazenar água. Guardo todos porque é muito difícil.”, relata Mirian Conceição.

“Quando chove muito, a água vem barrenta e muito suja. Aí busco água da casa vizinha para beber, mas quando a água da cisterna dela está baixa temos que tomar esta água que vem do rio mesmo.”, lamenta Juliane Ferreira.

A incidência de verminoses ligadas à contaminação da água é constante nessas comunidades, principalmente em crianças, que ao consumirem água sem tratamento entram em contato com microrganismos causadores de doenças. Nesses casos a água que é sinônimo de vida, passa se aproximar da morte.

Neste Dia Mundial da Água, a Cáritas Brasileira Regional Nordeste 3 e a Cáritas Diocesana de Ruy Barbosa lembram à sociedade a importância deste recurso essencial para a vida. Um recurso finito que precisamos preservar, mas também lutar para que seja acessível a todos.

 

 

 

 

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