A realidade do acesso à água no Semiárido
Brasileiro sempre foi um desafio para os moradores de comunidades rurais,
governos, técnicos e a sociedade como um todo. Os longos períodos de seca
deixam barragens, rios e açudes vazios, tornando a vida do povo sertanejo mais
difícil. O acesso à água é um assunto que deve ser tratado não somente com um
mero fator ambiental, mas sim como um direito a ser respeitado e garantido para
toda a população.
Desde a sua fundação, a Cáritas
Diocesana de Ruy Barbosa junto com a Cáritas Brasileira Regional Nordeste 3
trabalham na perspectiva de garantia deste direito fundamental junto às
comunidades que fazem parte de seu território de atuação. Projetos como o de
fundos rotativos solidários (com financiamento da Cáritas Alemanha)
possibilitaram a construção de centenas de cisternas para captação e
armazenamento de água das chuvas para o consumo humano. A iniciativa saiu na
vanguarda inspirando a política pública que fora implantada mais tarde.
A rede Cáritas se soma a um conjunto
de outras organizações que integram a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA),
com participação efetiva no debate e na construção da narrativa de convivência
com o Semiárido, com atuação no Programa Cisternas há mais de duas décadas. Ao
longo desse período, têm sido desenvolvidas e aprimoradas tecnologias sociais
de baixo custo capazes de transformar realidades de famílias que sofrem com a
crise hídrica.
Na região do Semiárido Baiano, a
Cáritas contribuiu na construção de mais de 15 mil cisternas com capacidades
para armazenamento de 16 e 52 mil litros de água, além de mais de 800 barreiro-trincheiras,
38 barragens subterrâneas e um sistema de reuso de águas cinzas. Iniciativas
como essas proporcionam mais dignidade às famílias e contribuem para a criação
de relações justas e economicamente sustentáveis no Semiárido. Mesmo assim, em
pleno 2024, em muitas comunidades o acesso à água de qualidade ainda não é uma
realidade.
“Carrego água no carro de mão do tanquinho para minha
casa. Esta água é para tudo: beber, cozinhar, dar para as galinhas e tomar
banho. Não deixo passar um vaso que possa armazenar água. Guardo todos porque é
muito difícil.”, relata Mirian Conceição.
“Quando chove muito, a água vem barrenta e muito suja. Aí busco
água da casa vizinha para beber, mas quando a água da cisterna dela está baixa
temos que tomar esta água que vem do rio mesmo.”, lamenta Juliane Ferreira.
A incidência de verminoses ligadas à contaminação da água
é constante nessas comunidades, principalmente em crianças, que ao consumirem
água sem tratamento entram em contato com microrganismos causadores de doenças.
Nesses casos a água que é sinônimo de vida, passa se aproximar da morte.
Neste Dia Mundial da Água, a Cáritas Brasileira Regional
Nordeste 3 e a Cáritas Diocesana de Ruy Barbosa lembram à sociedade a importância
deste recurso essencial para a vida. Um recurso finito que precisamos
preservar, mas também lutar para que seja acessível a todos.